segunda-feira, 31 de março de 2008

LISTA ZERO - Contra o comércio de animais silvestres

Reproduzo a mensagem abaixo pra divulgar, e quem sabe de alguma forma ajudar a proteger os animais silvestres- não só no estado de Minas Gerais, mas no Brasil inteiro. Recebi o texto da Flavia, cujo professor de Anatomia trabalha especificamente com animais silvestres e vê diariamente como esses animais sofrem.

Como a Flavia disse, a situação desses animais, mesmo os legalizados, é muito triste e induz cada vez mais ao desrespeito aos animais, porque as pessoas continuam achando, pelo fato da coisa ser legalizada, que esses animais são bibelôs. A maioria se encanta mais por mamíferos, mas quem estuda os pássaros, sabe que eles são tão inteligentes e psicologicamente tão vulneráveis, que não há mais condições de se criar passarinhos ou psitacídeos em casa.

Por favor, não compre animais silvestres. Se possível não participe de nenhum tipo de comércio de animais. Nem mesmo de cães, gatos, peixinhos e iguanas daquela Pet Shop perto da sua casa. Se você adora animais, adote-os. Os abrigos estão cheios de animais que precisam desesperadamente de um teto, de comida e de carinho.

Logo abaixo, em negrito, está o endereço de email pra onde você pode enviar uma mensagem pedindo ao IBAMA que não legalize o comércio de animais silvestres. O professor Tarcízio, autor do texto que segue, explica os argumentos específicos que você pode incluir na sua mensagem. Eles são bem técnicos e você não precisa usar todos- mas é preciso que use pelo menos um ou dois - por causa de outro órgão, o CONAMA - e lendo o texto do professor você vai entender o porquê.

Por favor, perca 5 minutos do seu tempo lendo o texto abaixo e mande um email para fauna.sede@ibama.gov.br

Envie também essa mensagem pra quem você achar que pode ajudar.

Faça isso pelos animais do Brasil.


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Caros amigos,

Estamos, embora com poucas esperanças de sucesso, com uma oportunidade única de manifestação quanto a uma lista de animais silvestres a serem permitidos como animais de estimação pelo IBAMA.

Um forte lobby vem há muito sendo feito para a liberação da criação com finalidade Pet de um sem número de animais, e há muitos anos convivemos com uma realidade no mínimo aviltante, com verdadeiros bandidos banalizando a nossa fauna em nome de criações amadorísticas principalmente de aves, onde no mínimo uma forte conivência com o tráfico é comum a todos os criadores.

A fachada de legalidade que o próprio IBAMA cria com a permissão de criação destes animais é uma das causas do tráfico de animais em nosso meio. Nenhuma fiscalização é eficiente ou suficiente para a ardileza dos traficantes. Uma quantidade altamente significativa de animais irregulares é encaminhada ao nosso Centro de Triagem em Viçosa e é no mínimo revoltante as situações a que nossos animais são submetidos em prol de um "hobby".

Dados minimalistas sugerem a morte de 90% de aves nativas durante as diferentes etapas do tráfico!! Muitos de nós somos coniventes se não partícipes deste tráfico. Animais domésticos têm no mínimo 10 mil anos de melhoramento genético para o convívio com a espécie humana. Há pelo menos 400 raças distintas de cães, nenhuma de ocorrência natural, algumas totalmente dependentes e dedicadas a nós. Por quê preteri-los em relação a espécies não adaptadas e com tão pouca interação, como um iguana por exemplo?

Estou particularmente imbuído na campanha pela lista "ZERO" e procuro parceiros para juntos fazermos uma pressão neste sentido. A lista do IBAMA consta de 54 animais, sendo três répteis e o restante aves, de passeriformes a psitacídeos. Basta-nos o envio de uma mensagem eletrônica para fauna.sede@ibama.gov.br para participar. Porém a resolução do CONAMA, que regulamentará esta lista, prevê a inclusão ou exclusão de espécies com base nos critérios abaixo e só serão aceitos argumentos relacionados.

Assim, tomei a liberdade de sugerir algumas argumentações que poderiam ser usadas na campanha "Lista Zero". Basta copiar e enviar, ou acrescente argumentações que julgar pertinente. Envie também para outras pessoas de seu meio para que possamos ter uma massa crítica significativa.

Critérios da resolução número 394 de 06 de novembro de 2007.

I- Significativo potencial de invasão dos ecossistemas fora de sua área de distribuição geográfica original

II- Histórico de invasão e dispersão em ecossistemas no Brasil ou em outros países

III- Significativo potencial de risco a saúde humana

IV- Significativo potencial de risco à saúde animal ou ao equilíbrio das populações naturais

V- Possibilidade de introdução de agentes biológicos com significativo potencial de causar prejuízos de qualquer natureza

VI- Risco de os espécimes serem abandonados ou de fuga

VII- Possibilidade de identificação individual e definitiva

VIII- Conhecimento quanto à biologia, sistemática, taxonomia e zoogeografia da espécie

IX- Condição de bem-estar e adaptabilidade da espécie para a situação de cativeiro como animal de estimação.

Argumentos para a LISTA ZERO:

Sou a favor da Lista Zero de animais silvestres para criação como animais de estimação baseado nos seguintes pontos:


Quanto aos critérios: significativo potencial de invasão de ecossistemas fora de sua área de distribuição e o histórico de invasão e dispersão em ecossistemas no Brasil ou em outros países, todas as aves e répteis são potencialmente espécies invasoras.

Como
exemplo é possível a observação de invasões como a do periquitão maracanã (Aratinga leucophtalmus) dentro de áreas urbanas na zona da mata mineira, onde estes animais se transformaram em animais sinantrópicos, invadindo forros de casas para a construção de seus ninhos, transformando-se em praga.

Cito exemplos de outros países como no estado da Flórida, nos EUA, onde há uma invasão de iguanas e psitacídeos exóticos em parques e áreas urbanas, o que pode se repetir facilmente em regiões nacionais.


Quanto ao significativo potencial de risco à saúde humana e ainda o significativo potencial de risco à saúde animal ou ao equilíbrio das populações naturais: classicamente a salmonelose é sempre relacionada aos répteis e aves de cativeiro. Estes animais podem apresentar ainda agentes patogênicos zoonóticos como endoparasitas do gênero Cryptosporidium ssp, Spirometra europeae, Spirometra mansonoides, Alaria americana, etc. A criptosporidiose, causada por Cryptosporidium parvum, é reconhecida mundialmente como uma zoonose emergente, causando diarréia aguda em seres humanos imunocompetentes ou enfermidade fatal em indivíduos imunocomprometidos ou imunosuprimidos, como portadores de HIV.
Artrópodes da classe Pentastomida são endoparasitas invertebrados na sua forma adulta, habitando os pulmões dos répteis e aves, e várias notificações têm ocorrido em humanos.

Quanto ao risco de os espécimes serem abandonados ou de fuga, é um risco potencial em qualquer criação em especial de passeriformes de baixo valor comercial e aliado à impossibilidade de identificação individual e definitiva e ao desconhecimento quanto à biologia, sistemática, taxonomia e zoogeografia da maioria das espécies. Permite também a hibridização com animais locais gerando subespécies, decretando o desaparecimento de espécies estabelecidas.


Por fim, devido às parcas condições de bem-estar e inadaptabilidade das diferentes espécies para a situação de cativeiro, é no mínimo incoerente afirmar que condições de gaiolas minúsculas poderiam suprir as necessidades ambientais de aves silvestres.
Animais sociais, como psitacídeos, acabam por absorver condições comportamentais humanas específicas de seus proprietários, e devido a sua grande longevidade é extremamente comum abandonos ou transferências de "donos", o que gera traumas que não raramente levam a automutilação e mortes.

Desta forma, os incisos do artigo 4º da resolução 394 do Conselho Nacional de Meio Ambiente fornecem todos os subsídios para que não haja nenhuma espécie de animal silvestre que possa servir de animal de estimação, uma vez que não há uma única espécie que não se enquadre em vários incisos desse artigo.


Tarcízio A R Paula

3 comentários:

Anônimo disse...

Estou de pleno acordo com a gravidade da situação do tráfico de animais no Brasil, do descaso com sua domesticação e da dificuldade (devido à corrupção e "preocupações mais urgentes") de legislação e fiscalização. Sim, muitas pessoas que adquirem animais silvestres como animais de estimação o fazem de maneira ilegal, adquirem animais em perigo de extinção e/ou o fazem para obter um status de "exótico" sem o menor conhecimento sobre os cuidados, alimentação, perigos e necessidades do animal. É fato também que a maioria dos vendedores (mesmo os legalizados) vendem os animais por dinheiro apenas, sem se preocupar com o futuro dos bichos (muitos até não conseguem criá-los de maneira correta). No entanto, num país como o nosso, onde as florestas são derrubadas por quilômetros num só dia, onde milhares de hectares das vegetações menores (como o cerrado) viram pasto para a pecuária, e onde a caça e a biopirataria não têm a menor fiscalização, é coerente - senão sensato - considerar apenas o fechamento do cerco da fiscalização e legislação, visto que, algumas vezes, a vida silvestre corre mais perigo em liberdade que em cativeiro. O bicudo (Oryzoborus maximiliani) está praticamente extinto na natureza, mas os criadouros e seu status na ornitofilia aumentou em mais de dez vezes sua população. O mesmo ocorre com a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) que só existe em zoológicos atualmente (claro que estou ciente de que este último exemplo teve sua extinção diretamente ligada ao tráfico e venda ilegal). A minha proposta é que haja mais fiscalização nos criadouros, que os criadores e compradores sejam monitorados, que haja maior controle dos cuidados destinados aos animais e das pessoas que os adquirem. Eu, pessoalmente, tenho uma cobra de estimação, uma jióia de 4 anos. Comprei quando era recém-nascida num criatório registrado. Numa ida ao veterinário, o microchip foi extraviado. Devido à pouca fiscalização e aos furos na lei, há três anos que o pequeno ofídio vive sem o chip, saudabilíssimo. Agora, se eu não tiver o micrichip, muito justamente, me tomam o animal. Ele vai se adaptar à nova vida que lhe impuserem? Obviamente, não sobreviverá em liberdade, não pela competição, mas pela comodidade que adquiriu. Se a legislação for radical demais, serão prejudicados os criadores responsáveis e animais que podem ser o futuro para um planeta que já tem tão pouco para preservar. Dou meu apoio à qualquer lei que não me tirar meu melhor amigo e que não impedir outros de conseguirem seus melhores amigos de forma responsável, sustentável e consciente, seja que espécie for.

Andréa disse...

Samuel, você tem um ponto de vista muito interessante e não vou dizer que discordo não. E eu, aliás, adoraria ter uma cobra de estimação - minha sobrinha tinha uma corn snake que eu adorava - e fiquei curiosa pra conhecer o seu melhor amigo. Você me mandaria uma foto? brazilnutblog@live.com
Abraço e volte mais.

Anônimo disse...

Prezados amigos, eu sou à favor do combate ao tráfico de animais, porém eu discordo da lista zero, pois acho que os criadores amadores e comerciais tendem à ajudar à salvar as espécies, uma vez que tendo o passarinheiro como opção de criar um animal legalizado, ele tende à não adquirir animais provenientes da fauna. Acho que si deveria também abordar o uso cada vez maior do espaço da fasuna pelo homem, hoje poucos si preocupam com isso, o homem cada vez mais acaba com os diversos tipos de vegetação que são os ambientes destes animais, e os mesmos são obrigados á conviver conosco, quando não muitos fazendeiros invadem suas área fazendo de suas florestas em pastos e plantações de arroz, utilizando-se de agrotóxicos desimam várias aves e animais, muitos fazendeiros liberam a caça em suas fazendas, pois os animais que já viviam ali comem suas plantações, e por aí vai.....!
Os criadores amadores não são vilões na minha opinião, eu acredito que estão virando boi de piranha neste contesto. Os grandes bancos, Empresas multinacionais, Grandes politicos donos de terras, até o próprio governo com grandes projetos de hidroelétricas, ....., etc é que acho que são os verdadeiros exterminadores da fauna no mundo!
Se alguém não ficar muito satisfeiro com o que foi postado, eu sinto muito, mas cada um tem uma opinião sobre o assunto!

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